Segundo Araújo (2007), Torres Galvão
era um político considerado progressista, com fortes preocupações sociais e,
como líder que era, organizou o Sindicato de Fiação e Tecelagem em Paulista -
PE. Enfrentou a poderosa família Lundgren proprietária das Casa Pernambucanas,
defen
Autodidata, trabalhou como juiz do
trabalho e intérprete de funcionários estrangeiros que trabalhavam na região de
Pernambuco. Conseguiu reconhecimento e representação para se eleger deputado
estadual em 1946, sendo reeleito em 1950 com a maior votação para o cargo no
estado Pernambucano. Diante do clima de perseguição que afetava os
crentes pentecostais, sua eleição foi vista com resposta de Deus as
orações dos fiéis.
Com a morte do governador Agamenon
Magalhães, Torres Galvão sendo já presidente da Assembleia Legislativa de
Pernambuco, assume o governo num mandato de 110 dias até a posse do
novo chefe do executivo estadual. Na condição de governador se
recusou a acompanhar procissões, e de participar de festas consideradas pagãs
ou carnavais, não aceitando a alegação de que sua participação era necessária,
pois isso era para muitos um "dever social inerente ao cargo".
Faleceu em 1954 vítima de um infarto, poucos meses antes de concluir seu
mandato, morrendo com ele também as pretensões de ser prefeito da
cidade de Paulista.
Mesmo com toda essa biografia, Torres
Galvão é praticamente ignorado na historiografia assembleiana até a década de
1980. Emílio Conde (1960) sequer o menciona; Abraão de Almeida cita-o
simplesmente como pioneiro da AD em Pernambuco. Freston (1994) levanta a
hipótese que talvez sua participação em sindicatos e sua reconhecida tendência
à esquerda tenham feito os autores e a lideranças na época a ignorá-lo.
Curiosamente, Torres Galvão foi destaque na revista assembleiana A
Seara de 1957. A revista tinha como objetivos destacar a presença e o
crescimento de pentecostais nas diversas áreas da sociedade, e Galvão é
homenageado postumamente, sendo citado como exemplo para os fiéis por sua
perseverança nos estudos e na atuação política. Mesmo com todo esse destaque,
três anos depois em seu livro, Conde o ignora.
Porém, com a crescente atuação política
da denominação à partir de meados dos anos 80, sua biografia cada vez mais tem
sido destacada e revalorizada, para legitimar outas candidaturas e projetos
políticos-eclesiásticos. Muitos assembleianos que antes mantinham uma postura
apolítica e até viam a política como algo totalmente secular, de repente são
apresentados há um pioneiro, pregador e pastor pentecostal, que atingiu em sua
época, uma posição relevante na sociedade pernambucana. São coisas para se
pensar...
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