Almeida Sobrinho foi o primeiro editor pentecostal. Editou dois números de A Voz da Verdade. A imprensa sempre foi um dos recursos usados pela Assembleia de Deus do Brasil na evangelização. Em 1917, foi publicado o primeiro jornal: A Voz da Verdade. Dirigido pelo pr. Almeida Sobrinho e pelo irmão João Trigueiro. Na primeira edição trouxe a matéria de capa: Jesus é quem batiza no Espírito Santo e fogo. Depois de algum tempo, deu lugar ao Boa Semente.
Um dos hinos mais
cantados da Harpa Cristã é o de número 300 cujo título “Nossa Esperança”
já demonstra a temática escatológica da letra. Essa canção foi composta pelo
pastor José Manoel Cavalcante de Almeida (1875-?), mais conhecido como Almeida
Sobrinho, um ex-batista que na Assembleia de Deus em Belém (PA) fundou o
primeiro jornal pentecostal do Brasil, o Voz da Verdade. Esse periódico
circulou até 1918. Ele também editou o hinário Cantor Pentecostal, no ano de
1921. Esse pequeno livro musical foi o precursor da Harpa Cristã.
Entre as composições
originais e adaptações de Almeida Sobrinho está o hino “Nossa Esperança”.
Essa canção das “últimas coisas” usa a música da composição “The
Fight is On”, cuja letra é sobre a batalha diária do cristão e cuja autoria
é da metodista norte-americana Leila Naylor Morris (1862-1929). Sobrinho fez
uma letra totalmente nova para usar na adaptação.
Vejamos os trechos
do hino “Nossa Esperança” com a respectiva análise:
Jesus, sim, vem do
céu, em glória Ele vem! Ecoa a nova pelo mundo além; Oh esperança que a Sua
Igreja tem! Dai glória a Deus, Jesus em breve vem! Nossa esperança é Sua vinda.
O Rei dos reis vem nos buscar; Nós aguardamos, Jesus, ainda, Té a luz da manhã
raiar. Nossa esperança é Sua vinda O Rei dos reis vem nos buscar; Nós
aguardamos, Jesus, ainda, Té a luz da manhã raiar.
Diferente de muitas
músicas escatológicas que foram produzidas nos anos 1990 e 2000 pelas chamadas “cantoras
pentecostais”, essa letra não foca o desespero de quem está despreparado
para a vinda de Cristo, mas está sim na centralidade da esperança e na
expectativa que enche o coração de alegria. O intuito da letra não é produzir
medo, mas expectação e maravilhamento.
Jesus, sim, vem, os
mortos esperando estão; O gran momento da ressurreição/E do sepulcro em breve
se levantarão! Dai glória a Deus, Jesus em breve vem!
Ao associar a
esperança da vinda de Cristo com a esperança da ressurreição dos mortos a letra
faz um casamento que a escatologia do Novo Testamento procura estabelecer o
tempo todo. Ou seja, a vinda de Cristo não é apenas um grande momento para quem
estará vivo no retorno do Senhor, mas também será para todos os santos mortos
em qualquer tempo, em qualquer era.
Jesus, sim, vem do
céu cercado de esplendor, Aniquilando a corrupção e a dor, Quebrando os laços
do astuto usurpador, Dai glória a Deus, Jesus em breve vem!
Ao usar a expressão “corrupção
e dor” o compositor corretamente indica que a esperança escatológica não é
apenas para o fim do sofrimento físico, mas igualmente marca a vitória final
sobre o domínio do pecado.
Jesus, sim, vem,
completamente restaurar/O mundo que se arruína sem parar; Sim, todas as coisas
vêm depressa transformar/ Dai glória a Deus, Jesus em breve vem!
Esse talvez seja o
ponto mais alto da letra. O autor mostra a esperança que a vinda de Cristo traz
não só para o indivíduo crente, mas para o próprio mundo. O mundo esse que será
restaurado e transformado. “E vi um novo céu e uma nova terra”, como
disse João no Apocalipse 21. Hoje há uma ansiedade na sociedade com o cuidado
pela terra. Muitos, inclusive, acreditam que a pregação escatológica é uma
mensagem de desprezo pelo meio ambiente e, também, uma forma de escapismo
diante das responsabilidades e dos problemas deste mundo. Não, na verdade não
há escapismo. Há isso sim, a consciência que nunca será possível uma completa
restauração deste mundo sem a intervenção direta de Deus. Todo plano humano
utópico de restauração total pelo esforço de um indivíduo, grupo ou governo
desemboca em totalitarismo. Só a esperança cristã evita o mal do conformismo
conservador e, também, põe um freio na violência apaixonada e cruel das mentes
revolucionárias.
Jesus, sim, vem, e
sempiterna adoração/Daremos nós ao Rei de coração; Ao grande autor da nossa
eterna salvação, Dai glória a Deus, Jesus em breve vem!
A escatologia não é
um exercício de especulação, mas de adoração. E é assim que termina esse belo
hino: na esperança da adoração eterna. Vemos que essa canção é um belo resumo
de uma preciosa escatologia bíblica com precisão teológica. O foco aqui está na
preocupação principal da escatologia neotestamentária: a produção de corações
esperançosos e de adoradores com expectação. A escatologia cristã não foi feita
para criar especuladores curiosos e nem cínicos desesperançosos.
A beleza da Harpa
Cristã é uma dádiva que a Assembleia de Deus deve sempre aproveitar da melhor
forma possível até a vinda do Senhor! Maranata!
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