Fundador
e antigo líder da Igreja Filadélfia em Estocolmo – Suécia.
Pastor sueco, compositor, pioneiro do pentecostalismo na Suécia e líder
internacional do Movimento Pentecostal. Nasceu em 11 de março de 1884, em
Västra Tunhem, no condado de Älvsborg (Suécia). Filho de um operário, Pethrus
cresceu na igreja batista e foi batizado aos 15 anos, em 12 de fevereiro de
1899, na Igreja Batista de Vänersborg. Em maio desse ano, ele mudou-se para
Vänersborg e começou a trabalhar como aprendiz numa fábrica de sapatos. Em
agosto de 1900, ele mudou-se para
Fredrikshald, na Noruega, onde continuou a
trabalhar como sapateiro e passou a trabalhar ativamente na igreja batista
local. No ano seguinte, ele mudou-se para Oslo (antiga Cristiânia), capital da
Noruega, para trabalhar em outra fábrica de sapatos, e continuou atuante na
igreja batista da cidade. Em 1902, após vários anos trabalhando como operário,
passou a dedicar seu tempo à pregação e tornou-se co-pastor com Adolf Mildes,
na Igreja Batista de Arendal, na Noruega. Nesse ano, após um culto em
Lillesand, Pethrus e amigos passaram a noite em oração, juntamente com uma
família.
Bem cedo, pela manhã, Pethrus embarcou de volta para Oslo. Depois que o
barco partiu, Pethrus sentiu, conforme contou em sua autobiografia, a maior e
mais significante experiência de sua vida. Ele encontrou-se com Deus de um modo
muito singular. A presença divina foi-lhe muito real, e diante dela, seu
interior pareceu se derreter e lágrimas rolaram do seu rosto. Enquanto orava,
ele falava palavras que não entendia. Pethrus, nessa época, não tinha
entendimento do que era orar em línguas. Ele revelou que isto lhe aconteceu
várias vezes depois, quando estava a sós em seus momentos de oração e
meditação. Falara palavras estranhas, mas ainda não refletira profundamente
sobre o assunto. Foi então aconselhado por seu pastor a não contar para outras
pessoas o que lhe havia acontecido.
Em 1904, ele começou seus estudos no Seminário Batista Betel, em
Estocolmo, e após a formatura, foi ordenado pastor batista. Depois de atuar em
vários lugares da Suécia, ele foi escolhido, em 1906, pastor da Igreja Batista
de Lidköping.
Pethrus, atraído pelos relatos sobre o avivamento de Sunderland e de
Oslo, viajou para Oslo (Noruega). Ali, em 1907, mediante a pregação do pastor
Thomas Ball Barratt, ele tornou-se pentecostal. Sua igreja também aceitou a
mensagem pentecostal, como também fizeram numerosas outras igrejas da Suécia.
Em 1910, ele recebeu o convite para pastorear a recém-fundada Sétima
Igreja Batista de Estocolmo, que realizava seus cultos no Philadelphia Hall, na
Rua Upsala, 11. Assumiu o trabalho da igreja no ano seguinte, em 8 de janeiro
de 1911, aos 26 anos de idade.
Em abril de 1913, Pethrus casou-se com Lydia Danielsson, no santuário
batista em Kragero, na Noruega. No fim deste mesmo ano, a Convenção Batista
Sueca expulsou ostensivamente Pethrus e toda a sua congregação, porque eles
praticavam a ceia aberta. As reais causas de sua expulsão, porém, foram a
teologia e a liturgia pentecostal. Apesar do cisma, Pethrus continuou sendo
influenciado pela sua herança batista e insistiria, por exemplo, na
eclesiologia batista como padrão para a forma de governo das igrejas
pentecostais na Suécia. O modelo de Pethrus ensinava que cada igreja era
totalmente independente e não deveria existir uma organização central. As
igrejas trabalhariam em cooperação, por meio de convenções estaduais e
nacionais informais de pastores e presbíteros.
A estrutura do Movimento Pentecostal sueco era oficialmente igualitária,
mas, na verdade, Pethrus era seu líder. Ele determinou as prioridades do
movimento, representou-o no movimento internacional e foi determinante na
carreira de pessoas pertencentes à sua igreja.
Segundo historiadores ele não tolerou nenhuma concorrência com sua
liderança e forçou indivíduos talentosos, tais como Sven Lidman (jornalista) e
A. P. Franklin (missiologista), a trabalharem fora do Movimento. Ele também foi
considerado o culpado por Allan Törnberg, pastor e teólogo, ter perdido a
eleição para uma cadeira no Parlamento, ao declarar, na véspera da eleição, que
pentecostais não deveriam ser políticos. Apesar disso, tempos depois, em 1964,
ele fundou o partido político Kristen Demokratisk Samling (Coalisão Democrática
Cristã).
Por outro lado, Pethrus liderou empreendimentos arrojados. Fundou a “Filadelfia
Church Rescue Mission” (1911), a “Filadelfia Publishing House”
(1912), a “Filadelfia Bible School” (1915), o periódico semanal “Evangelii
Härold” (1916), o novo templo-sede da igreja, na Rua Rörstrand nº 5,
considerado o de maior capacidade entre os templos evangélicos de todo o país
(1930), a “Kaggeholms Folkhougskola” (uma escola secundária) (1942), um
jornal nacional diário, “Dagen” (1945), um banco, “Allmanna Spar-och
Kreditkassen” (1952), e uma rede mundial de rádio, I.B.R.A. Rádio (1955).
Em 1916, Pethrus deu início a um dos mais arrojados trabalhos
missionários do mundo pentecostal, com o envio do primeiro casal de
missionários para o Brasil, Samuel e Lina Nyström, e a fundação da Svenska
Fria Missionen (Missão Sueca Livre).
Pethrus, foi também um autor prolífero, além de compositor de hinos. Seu
primeiro livro “Jesus Kommer” (1912), foi a primeira publicação da
Förlaget Filadelfia (Casa Publicadora). Sua coletânea de obras soma dez
volumes, sem contar seus cinco volumes de memórias e uma quantidade de livros
escritos depois de 1956. Em seus últimos anos de vida, lançava, em média, um
livro por ano. Foram, ao todo 50 títulos. Ele também contribuiu amplamente para
publicações periódicas. Seus livros e ensaios têm sido traduzidos para muitos
idiomas. No Brasil, a CPAD publicou seus livros “O Segredo do Progresso”
(1941), “O Vento sopra onde quer” (1982) e “Eu sei em quem tenho
crido” (1984). O seu livro mais destacado, que teve grande aceitação na
Suécia, foi “O Carpinteiro de Nazaré”. Dezenas de artigos seus foram
publicados no “Boa Semente” e no “Mensageiro da Paz”. Na parte
musical, ele publicou o primeiro número do hinário “Segertoner” (Cânticos
de Vitória). Seus hinos estão presentes em muitos hinários. Na Harpa Cristã,
constam, de sua autoria, os hinos: “As Testemunhas de Jesus” (167), “Oh!
Jesus Me Ama” (169) e as “As Promessas Que Não Falham” (377).
Como pastor, Pethrus fez com que sua membresia na Suécia se tornasse a
maior do mundo pentecostal (até cerca de 1975), e levou o seu Movimento
Pentecostal a se tornar a maior igreja livre na Suécia, principalmente por sua
capacidade de fazer a igreja relacionar-se em todos os aspectos de sua vida.
Sua visão holística da vida cristã e a moderação, dignidade e realismo de suas
perspectivas de desenvolvimento espiritual renderam-lhe a atenção para ser
ouvido por toda a Europa, América do Norte e Terceiro Mundo. Ele mostrou ao
mundo pentecostal que o movimento não deveria ficar alienado da cultura
nacional da qual ele faz parte. Ele foi considerado um pregador, erudito e
portador de alto grau de espiritualidade, afirmando sempre suas origens
pentecostais, interessando-se, de modo invulgar, pela expansão do Evangelho.
Pethrus, apesar de possuir algumas restrições a respeito da cooperação
internacional, hospedou a Conferência Mundial Pentecostal de 1939, com 20
países representados, e, por sua vez, foi atuante no relacionamento ecumênico
entre as denominações pentecostais.
Por ser o pastor da principal igreja sueca responsável pelo envio e
sustento de missionários nas Assembleias de Deus no Brasil, Gunnar Vingren foi
à Suécia convidá-lo para participar da primeira Convenção Geral das Assembleias
de Deus no Brasil, realizada na Assembleia de Deus de Natal (RN), em setembro
de 1930. A reportagem do “Mensageiro da Paz”, nº 1, de 1º de dezembro de
1930, noticiou: “O pastor Lewi Pethrus pregou com intérprete todas as
noites. As mensagens foram simples, mas acompanhadas da graça do Espírito
Santo. Durante os dias da convenção, entregaram-se a Jesus 29 pecadores, e os
crentes ficaram animados e alegres. Glória a Jesus!”.
O pastor Pethrus, após a eleição da Mesa que dirigia os trabalhos
convencionais, afirmou: “Que maravilhoso e tocante é estar face a face com
uma igreja brasileira! É uma festa sem comparação. Palavras são pobres, quando
se quer expressar uma imagem como esta (…) Senti que estava mesmo em um
verdadeiro culto pentecostal. Desde o princípio, senti uma liberdade espiritual
muito gloriosa (…) Se alguém crê que os brasileiros têm um nível intelectual
baixo, comete um grave erro. São todos muito despertos e instruídos”.
A participação do pastor Pethrus foi decisiva para o destino da
liderança nacional das Assembleias de Deus. No mesmo “Mensageiro da Paz”
anteriormente referido, ficou registrado:
“Todos os assuntos foram discutidos com inteira liberdade, tanto pelos
trabalhadores brasileiros como pelos missionários, fazendo-se ouvir sempre o
pastor Lewi Pethrus, da Suécia. Toda a convenção correu maravilhosamente.
Glória a Jesus! Aleluia!”
A principal questão debatida naquela Convenção foi a transferência da
responsabilidade da obra, dos missionários suecos para os obreiros nacionais,
dando-lhes oportunidade de assumir a administração das igrejas. Os missionários
Gunnar Vingren, Otto Nelson, Joel Carlson, Nels Julius Nelson e Samuel Nyström,
e mais 16 pastores nacionais, apresentaram e definiram a questão.
Após a Convenção, todos os templos e locais de reunião que pertenciam a
Missão Sueca foram entregues às igrejas brasileiras. Tudo deveria ficar como
acertado até 1º de julho de 1931.
Pethrus visitou o Brasil pela segunda vez em 1951, na Convenção Geral
das Assembleias de Deus, realizada na AD de Porto Alegre (RS).
Sua última visita ao país deu-se em 1967, durante a Conferência Mundial
Pentecostal, realizada no Rio de Janeiro. Nessa oportunidade, trouxe sua
palavra fluente e abalizada, que animou muito os brasileiros.
Em 1973, ele recebeu a comenda sueca da Ordem de Vasa. Em 1974,
participou pela última vez da Conferência Pentecostal de Nyhem, perto de
Jonkoping, onde pregava todo ano. O tema da sua última pregação ali foi “Ganhar
almas, uma a uma”.
Lewi Petrhus permaneceu como pastor da Igreja Filadélfia de Estocolmo
até sua jubilação, ocorrida em 1958, porém, continuou atuante como líder do
movimento pentecostal sueco até sua morte.
O lendário pastor Lewi Pethrus, faleceu no dia 4 de setembro de 1974,
aos 90 anos, em Estocolmo. Foi um homem que valorizou muito a família. Casado
com Lydia, teve nove filhos. Ao falecer já contava com netos e bisnetos.
Segundo o testemunho de sua filha, Miriam Peterson, que o assistiu no hospital,
quando o pastor Pethrus sentiu que seus dias estavam contados, mandou chamar
todos os seus familiares. Instantes antes de morrer, comentou: “Qual a
vantagem de ficar aqui deitado, esperando, quando a vida é eterna?” Depois
de descansar um pouco, abriu os olhos em seu leito e acenou com dificuldade,
como quem está dando adeus, e disse: “Adeus, vida terrena! Jesus está vindo
me levar. Paz sobre a obra de Deus! Paz sobre Israel” Concluídas essas
palavras, partiu para o lugar que costumava chamar de “País da Vida”.
O ato fúnebre ocorreu na Igreja Filadélfia, e seu corpo foi sepultado no
cemitério de Solna. As maiores autoridades da Suécia enviaram condolências,
inclusive o rei, que mandou um telegrama à família do ilustre homem de Deus,
expressando seu pesar. O evangelista Billy Graham também enviou um telegrama,
dizendo: “Lewi Pethrus era um grande pastor, doutor e evangelista que todo o
mundo cristão respeitava”. O missionário Eurico Bergstén representou as
Assembleias de Deus do Brasil. Um certo irmão, que assistiu à cerimônia de sua
despedida, muito concorrida, ponderou: “Era como se toda a Suécia sentisse a
sua morte”.
Numa pesquisa para saber quais foram as 100 pessoas mais influentes no
século 20 na Suécia, Pethrus ficou em 5º lugar.
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